quarta-feira, 22 de abril de 2009

Trabalhadoras do Tortosendo manifestam-se no Pelourinho

Cerca de 250 trabalhadoras de duas unidades fabris da vila do Tortosendo manifestaram-se na passada semana, na Praça do Município, na Covilhã. Um gesto que teve como objectivo alertar para a situação precária em que trabalham.
Foram mais de duas centenas e meia de trabalhadoras que estiveram na passada semana, na Praça do Município. Vieram do Tortosendo, a maior vila do concelho e também a que reunia até há bem pouco tempo, o maior número de empresas do ramo dos têxteis e confecções, para mostrarem a indignação relativamente às duas empresas onde trabalham.
No passado dia 25 de Março, a Vesticon, empresa sediada no Bairro do Cabeço que emprega cerca de 200 trabalhadoras, apresentou um pedido de insolvência no Tribunal da Covilhã. Foi um dos pontos mais negros de uma história que tem já vários capítulos com as operárias a serem sempre “desfavorecidas”. Diversas funcionárias falaram, na manifestação simbólica realizada na sede do concelho em “falta de pagamento de ordenados, de subsídios de férias e Natal”. Trabalhadoras que estão em situação cada vez mais complicada “e com o desemprego a bater à porta”.
Mas também a Gil e Almeida, sediada no Bairro dos Pinhos Mansos parece estar em igual situação. Segundo algumas funcionárias desta empresa de confecções, os ordenados têm vindo a ser pagos “por partes” e as condições de trabalho “também são bastante degradantes”. O Sindicato Têxtil da Beira Baixa fala numa situação bastante grave, quer a nível laboral, quer também a nível social, numa localidade onde as confecções a as fábricas têxteis representavam a maior fonte de rendimentos.

Fábricas do Tortosendo anunciam despedimentos

São cerca de 300 postos de trabalho que estão em risco na freguesia do Tortosendo. Duas unidades fabris mostram sinais de dificuldades económicas e estão perto da falência. O caso mais grave, ainda assim, parece ser o da Vesticon – Indústria de Confecções e Vestuário, Lda.
Esta unidade, localizada no Bairro do Cabeço, emprega actualmente cerca de 200 funcionárias. No passado dia 25 de Março, a administração da empresa avançou com um pedido de insolvência, no Tribunal da Covilhã. Um passo dado no sentido da nomeação de um administrador de insolvência e do posterior encerramento da fábrica. Segundo as informações avançada pela Direcção Geral da Administração de Justiça, a Vesticon tem, neste momento, diversos credores de dívidas acumuladas ao longo dos últimos tempos. Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social, Caixa Geral de Depósitos e Banco Português de Negócios são algumas das entidades a quem a empresa deve dinheiro.
Contudo, o ponto mais grave da situação é o do não pagamento dos salários às duas centenas de trabalhadoras que ali laboram. Segundo algumas operárias, ouvidas pela agência Lusa, estão por pagar metade do subsídio de férias e do subsídio de Natal, referentes a 2008 e também, metade do ordenado do mês de Fevereiro e todo o ordenado de Março. Esta empresa situada no Bairro do Cabeço está a laborar há cerca de 16 anos. Tinha uma produção média de 80 mil casacos e 120 mil calças vendidas para vários pontos da Europa. Nos últimos tempos, os funcionários garantem que as encomendas foram faltando e a administração acabou também por deixar de pagar os ordenados.
Outra das unidades que também parece estar com problemas financeiros é a confecção Gil & Almeida, localizada no Bairro dos Pinhos Mansos. Segundo o Bloco de Esquerda, esta unidade fabril “vive uma situação de grande angústia para as cem trabalhadoras que nela laboram”.
Desde o mês de Setembro de 2008 e, “embora a produção não tenha sofrido quaisquer alterações uma vez que frequentemente é necessário recorrer a trabalho extraordinário, os salários estão a ser pagos em prestações ou seja, o salário a que têm mensalmente direito é dividido em três parcelas que vão recebendo ao longo do mês”, acrescenta Mariana Aiveca, deputada do BE na Assembleia da República. Segundo esta representante daquele partido político, a e empresa justifica tal situação alegando que “está perto da falência, o que é incompreensível dado o volume de trabalho”.
Apesar de continuarem a produzir, os trabalhadores da confecção têm em atraso, metade do mês de Fevereiro, a totalidade do mês de Março, retroactivos e horas extraordinárias.
Na exposição feita pela deputada bloquista ao presidente da Assembleia da República, refere-se também que, a maioria dos trabalhadores – 88 dos 100 – já solicitaram, por escrito, a suspensão do contrato, “uma vez que estão a produzir sem ser remunerados”. Perante esta situação “poder-se-á estar perante a iminência de mais uma falência fraudulenta”, sublinha Mariana Aiveca. Nesse sentido, a representante do Bloco fez chegar também ao ministro do Trabalho e da Solidariedade Social algumas questões relacionadas com esta empresa.