terça-feira, 13 de outubro de 2009

Saramago pede contas a Deus

O título é “roubado” ao El País de hoje. O Nobel português publicou as primeiras páginas do seu novo livro num dos mais prestigiados diários do mundo. Mas não deixa de ser significativo o reconhecimento que os espanhóis têm por Saramago e este pela pátria de Cervantes.
É sempre bom lembrar que a “portugalidade” premeia mais os mágicos com os seus toques e malabarismos de bola, uma ou outra alminha política, vazia de ideias e conceitos democráticos do que a intemporalidade de uma obra literária e de uma figura como Saramago.
É sempre bom recordar que o Nobel da Literatura foi “corrido” do seu país natal, em 1992, pela decisão de um sub-secretário, leu bem, (SUB)secretário, cujo coeficiente mental, cultural e cívico não deve andar muito longe do zero. Na altura, um tal Sousa Lara, – nome que passados pouco mais de 15 anos, ninguém lembra – justificou a decisão de ter pedido para retirar da lista de nomeados os Prémio Literário Europeu, um livro de Saramago, “Evangelho segundo Jesus Cristo”, porque Saramago “não representava Portugal”, mas também porque “A obra atacou princípios que têm a ver com o património religioso dos portugueses. Longe de os unir, dividiu-os”.
O escritor acabou por virar costas ao País e deixar o “rectângulo” aos comandos deste tipo de “intelectualidades políticas”. Portugal piorou, Saramago melhorou, mas parece que ninguém tira conclusões destes episódios. Hoje publica as primeiras páginas do seu novo livro, “Cain”. Dia 15 temos novo livro e nova incursão do Nobel pelas páginas Bíblia. Vamos ver o que resulta desta vez.
Primeiras páginas da obra